O ministro Roberto Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) pode ser tudo menos ingênuo. Sua passagem pelo elegante e mal-cheiroso mundo de Daniel Dantas e das suspeitíssimas transações do Opportunity não deixa margem a qualquer dúvida. Chegou ao governo Lula com fama de polêmico, portador de idéias exóticas, cuja sensação de estranhamento era amplificada por seu português quase ininteligível. Mas, agora, passados poucos meses, revela-se como porta-voz do que existe de mais retrógrado e alinhado com os interesses do capital predador.
Basta ver suas últimas declarações defendendo a revisão da política indigenista, que alcança o ridículo ao relacionar a reserva de "grande parte de nosso território" - 21% da Amazônia - para os indígenas como fonte do atraso e da falta de condições econômicas para estes povos. É a nova versão para velhas idéias. Exatamente o que já se tentou - felizmente sem sucesso - durante os últimos anos da ditadura, quando veio à tona o debate sobre a "emancipação" dos povos indígenas.
Para quem não sabe, Unger é, nada mais, nada menos, que o coordenador, designado pelo presidente Lula, do rumoroso e ineficaz Plano Amazônia Sustentável (PAS), que tende a se tornar um cavalo de tróia dessa mais recente ofensiva em favor do avanço das frentes de devastação socioambiental.
Nenhum comentário:
Postar um comentário