Fernando Collor, ele mesmo, comandará a tropa de choque lulista contra o PSDB/DEM na CPI da Petrobras, apresentada pelos governistas como uma CPI da "direita". Mas não foi no governo Collor, de tão lamentável memória, que foi gestado o ovo da serpente da privatização da Petrobras, quando todo o setor petroquímico, de vital importância estratégica para o país, foi inapelavelmente entregue ao capital privado?
Tucanos e demos juram pela fé da mucura que não defendem a privatização da Petrobras. Ao contrário, querem a sua completa "estatização", livrando-a dos grupos privados que "aparelharam" sua gestão. Esses "grupos", dizem, indicados por petistas e aliados, estariam praticando a maior rapinagem com dinheiro público. Mas não foi justamente sob o reinado de FHC, em 1998, que foi dado o golpe de misericórdia na Petrobrás, com a aprovação da lei n° 9.478, que quebrou o monopólio estatal do petróleo, abrindo, na prática, vastas áreas do setor para a ganância multinacional?
Petistas de todos os quilates, de dentro e de fora do governo, já vestem, sem o menor pudor, a fantasia conveniente da luta contra a privatização da Petrobras. Ensaiam discursos raivosos, nas tribunas do Senado e da Câmara, mas também agitam bandeiras nas ruas. Os tucanos e demos, afinal, são aqueles que tramaram até mudar o nome da empresa, nos anos 90, para Petrobrax, e agora investem contra o "colosso" da área pública de nossa economia emergente. Mas não foi o governo Lula, numa mistura de pulsilanimidade e cinismo, que não só manteve como ampliou a medida que, adotada ainda pelo PSDB, siginificou na prática a "desestatização" da Petrobras? Isso mesmo: desde que as ações da empresa foram negociadas na bolsa de Nova York que o controle acionário já está nas mãos dos capitalistas privados, principalmente estrangeiros. Os "sócios" privados da Petrobras dominam 68% do total de ações, contra 32% sob controle do Estado brasileiro. Claro, alguém vai lembrar que esses números se referem às ações preferenciais, sem direito a voto. Tanto faz, mesmo se levarmos em conta as ações ordinárias, a participação privada alcança expressivos 44%, cuja maior parte, como era de se esperar, está engordando os ativos de grandes especuladores estrangeiros.
A CUT, a UNE e outros movimentos sociais ensaiam manifestações contra a CPI do Senado. Algumas organizações, como o MST, justificam que marcham em defesa do petróleo que precisa voltar a ser nosso. Objetivamente, esses movimentos se deixam utilizar, com maior ou menor grau de consciência, por uma estratégia diversionista do Planalto. Mas não foi Lula, Dilma e seus ministros que impuseram a vários desses movimentos sociais uma derrota extraordinária ao manter e realizar a toque de caixa os leilões dos lotes para exploração por empresas estrangeiras das reservas do Pré-Sal, um crime inominável contra a soberania nacional?
Diante dos indícios de falcatruas na Petrobras, nada a opor que uma CPI realize uma investigação independente. A questão é que talvez - numa hipótese otimista - o barulho da apuração no Senado resulte na descoberta de alguns punguistas de quinta categoria, se tanto. Enquanto isso, de forma tão impune quanto escandalosa, vai se continuar a praticar os maiores crimes de lesa-pátria de que se tem notícia contra a mais importante empresa brasileira, com a anuência velada de tucanos e petistas, irmãos siameses dessa inglória e imoral operação desmonte.
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