Cruzando o céu do país, em noite sem lua, ferozes dragões que deixam um rastro de enxofre e péssimos eflúvios. Sobre eles, hábeis cavaleiros elegantemente exibindo suas vistosas armaduras, algo enlameadas porque não se pode exigir perfeição neste tipo de mister.
São velhos conhecidos do noticiário político-policial. Sandro Mabel, por exemplo, é um sobrevivente do escândalo do mensalão. Tem nome engraçado, algo juvenil, mas não está para brincadeiras. É dele uma das mais perigosas propostas que circulam, de mão em mão, em torno da elegante távola em torno da qual as grandes legendas tramam sequestrar, sem dó nem piedade, qualquer possibilidade de alternância de governo no país.
Mas o que pretende o deputado goiano? Simples: que sejam prorrogados todos os mandatos executivos e legislativos por dois anos. Assim haveria a coincidência geral entre as eleições, em 2012. Ele defende a prorrogação como algo absolutamente patriótico: o país economizaria bilhões de reais e, de quebra, não teríamos turbulências em tempos cinzentos de crise.
Se alguém acha que isso é maluquice, pode tirar o cavalo - ou o dragão - da chuva. É sério e, se não houver a reação devida, pode crescer e ultrapassar o atual estágio de um mero balão de ensaio.
É que junto a Mabel existem outros cavaleiros, talvez mais perigosos ainda, levantando o suspeito estandarte da terceira reeleição consecutiva. Entre alguns menos famosos eis que desponta, ressuscitado , o deputado cassado Roberto Jefferson, não por coincidência o criador do mesmo mensalão. É dele a mais enfática defesa do terceiro mandato para Lula. Mas que ninguém se iluda: tem gente muito mais importante por trás da manobra.
Como se sabe, esse golpe não é apenas música aos ouvidos de Lula, mas de toda uma geração de políticos - de prefeitos e governadores - que receberiam de presente o pó mágico para a tão sonhada perenização no poder.
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