Da dívida pública com os credores nacionais e internacionais - quase R$ 1,5 tri - todos os meses se ouve falar. O Banco Central divulga os números do gigantesco rombo, tomando o devido cuidado de apresentar como mérito aquilo que provoca a maior sangria desatada de toda a história brasileira.
Encoberta por um véu de silêncio e cumplicidade, a outra dívida - verso de uma mesma moeda - permanece desconhecida. Quanto é que o país precisa para liquidar, de uma vez por todas, o histórico déficit social, base sobre a qual se ergue a nossa tragédia de cada dia?
O economista Márcio Pochmann, professor da Unicamp e atual presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), tem a resposta. São necessários R$ 7,3 trilhões (em números de 2004) para satisfazer integralmente a demanda nacional por educação, saúde, habitação, cultura, informática, combate à pobreza, previdência e reforma agrária.
Uma montanha de dinheiro - um pouco mais que o dobro do PIB de 2008. A questão não está na grandeza dos recursos necessários, mas na direção que se escolheu para enfrentar a crise. Sem uma alteração substancial no rumo que o país está trilhando - cada vez mais integrado e dependente das decisões emanadas pelo centro do capitalismo mundial - essa dívida social será adiada para um futuro incerto que funciona como miragem. Quanto mais se imagina estar próximo de alcançá-lo, mais inatingível ele se torna.
Que a esperança, matéria-prima que move os homens pobres e “pendurados no tempo”, não falte ao longo dessa dramática e decisiva travessia. Ela, a esperança, não é apenas a última que morre; é dela que se arranca a força para seguir adiante.
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