A frase saiu da boca do presidente da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), Danilo Forte, um apadrinhado dos cardeiais do PMDB. Diante do escândalo revelado pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), dando conta que, em 2008, 68 indígenas morreram por falta de assistência médica (37 eram menores de 5 anos), ele saiu com essa: "Em um universo de 500 mil índios, se tiver morrido só 68 por falta de assistência - não é bom ninguém morrer -, é um bom número".
A ressalva, entretanto, não conserta de forma alguma o raciocínio torto. Em nenhuma hipótese, o Estado brasileiro pode se eximir de suas responsabilidades. O "bom número" do dirigente do governo Lula deveria ser razão suficiente para a queda - de fio a pavio - de todos os dirigentes da Funasa, não por acaso tida e havida como um dos polos mais dinâmicos no processo de apropriação de recursos públicos por quadrilhas altamente especializadas.
O relatório anual do Cimi, um vigoroso testemunho sobre as atrocidades cometidas contra os povos indígenas no Brasil, deveria ser leitura obrigatória. Para amplificar a indignação e fomentar a resistência, estes dois ingredientes indispensáveis para traçar a linha divisória entre a civilização e a barbárie.
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