Não se tem notícia se a decisão do governo do Pará foi mesmo motivada por uma pressão - do alto e, diga-se, irresistível -, ou se tudo não passou de uma tentativa de se mostrar confiável aos olhos dos que exigem que desabe sobre os movimentos sociais insubmissos a pesada mão do Estado. A verdade é que estava cada dia mais insustentável a permanência na prisão dos 18 militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e da Via Campesina, feitos reféns pela PM paraense desde a manhã do último 26 de abril. A prisão, tida pelas entidades de direitos humanos como "arbitrária e ilegal", foi acompanhada por um promotor de Justiça, que, não por coincidência, levava uma pistola no coldre, à moda do pior faroeste, como inequívoco sinal de que a tropa não estava mesmo para brincadeiras.
Por isso, não chegou a ser surpresa a ordem judicial de soltura, emitida na tarde de ontem, 15, para boa parte dos detentos.
Menos estranho, porém, foi a permanência no cárcere de quatro dos ativistas, justamente aqueles apontados como líderes do movimento de resistência às trapalhadas da Eletronorte na região. Afinal, desde o começo, estava muito claro que a governadona Ana Júlia (PT) agiu para preservar os interesses do governo federal, assim poupado de uma ação truculenta e de péssima repercussão entre os círculos defensores das mínimas garantias constitucionais.
No cálculo de perdas e danos, o consórcio PT-PMDB no Pará resolveu pagar para ver. Aguarde-se, para o momento seguinte, a cobrança da fatura.
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