Sayed Musa tinha apenas oito meses. Era um menino afegão e isso selou o seu destino. Ele encabeça a lista das 93 crianças assassinadas pelo bombardeio das tropas dos Estados Unidos no distrito Bala Boluk, na Província de Farah, na semana passada. Seu pequeno corpo estraçalhado deveria ser velado no salão oval da Casa Branca. Será que algum estrategista do Pentágono teria a coragem de defender a matança alegando que Sayed, dentro de 15 ou 20 anos, poderia se transformar num ativo integrante de alguma célula terrorista da Al-Qaeda?
O martírio das crianças afegãs não deve passar como um "dano colateral", um acidente de percurso na cruzada "civilizatória" que a administração Obama insiste em manter e ampliar naquela ensanguentada porção da Ásia. As mais de 140 mortes em um único ataque - supostamente destinado a eliminar guerrilheiros do Taleban - representam a face mais cruel de um plano milimetricamente estudado. Afinal, espalhar o terror entre a população civil - secar a água onde os peixes nadam - vem marcando a estratégia estadunidense desde quando as matas do Vietnam eram inceneradas por milhares de toneladas de napalm.
O Departamento de Estado não confirma os números do massacre e até ironiza a relação das vítimas. Qualquer um pode compor uma lista dessas, dizem. Mas agora é oficial. O próprio governo títere instalado e mantido pelos EUA em Cabul acaba de admitir a terrível contabilidade: 140 mortos, sendo 93 crianças, 25 mulheres adultas e apenas 22 homens maiores de 18 anos.
A cada dia a face jovial de Obama vai se tornando mais parecida com a carranca de seu antecessor. A ilusão de mudança, por sua parte, vai se esvaindo na mesma proporção.
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