Mario Benedetti partiu. Lutou pela vida com bravura, com a mesma tenacidade que esgrimiu, ao longo de tantas décadas no finado século 20, suas afiadas lanças da poesia contra todas as formas de opressão e de injúria ao ser humano. Chegando ao limite extremo, respirou pela última vez no domingo, 17, em Montevidéu, aos 88 anos de idade.
Como na música de Leo Masliah (Biromes Y Servilletas, imortalizada na voz de Milton Nascimento), Benedetti passou pela vida como um cometa, em denso céu de metal fundido, porém espalhando luz e aquecendo o espírito dos que não se vergam à barbárie e à feiúra impostas pelo Deus-Mercado.
Não cabe derramar uma única lágrima por sua morte. Mário Benedetti não merece homenagens pontilhadas pela tristeza, nem epitáfios recheados de palavras tão empoladas quanto cínicas. Quem dedicou toda sua existência à beleza da vida humana - a vida em plenitude que ainda haverá de ser conquistada - merece uma homenagem singela, uma simples leitura - em voz baixa ou a plenos pulmões - de um de seus muitos poemas, estes sim, imortais, e para sempre preservados como uma das mais ricas expressões da cultura latino-americana.
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