As vítimas, sob sete palmos, são as grandes culpadas por seu próprio martírio. A reforma agrária patina numa poça de sangue, mas são os sem terra os verdadeiros artífices do caos. O campo no Pará é uma praça de guerra - única assertiva com algum grau de verossimilhança - e novos conflitos armados estão prestes a explodir.
As afirmações que abrem este texto podem ser deduzidas da cobertura da grande imprensa paraense de hoje, marcada por um tipo de preconceito ideológico rasteiro e indecoroso.
Ao repercutir o factóide criado por uma comissão da Câmara de Deputados, controlada por um setor hardcore da bancada ruralista, erra de forma flagrante ao atribuir equilíbrio de forças entre as "partes" que se digladiam. Existe um único exército bem armado e este está a soldo dos fazendeiros, que ainda contam, quando se torna indispensável, com o apoio do aparato estatal para proteger seu sacrossanto direito a uma propriedade antagônica a qualquer função social.
Num 17 de abril, 13 anos após o massacre impune de Eldorado dos Carajás, serve para ninguém esquecer que as raízes mais profundas daquela tragédia permanecem mais vivas, atuantes e agressivas do que nunca.
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