O holocausto é uma verdade histórica irrefutável e o Estado de Israel pratica sim, desde 1947, uma política de limpeza étnica contra o povo palestino. Essas duas afirmações são complementares; colocá-las em oposição significa trabalhar contra a causa palestina, e reforçar o ambiente propício à reprodução de novos massacres como o que vitimou os judeus - e não somente eles - nos campos de extermínio erguidos pelos nazistas na Europa dos anos 40.
É por isso que a verborragia do presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, é um gigantesco tiro no pé. Relativizar o holocausto - ou colocar sua existência em dúvida - apenas revive velhos e surrados preconceitos contra os árabes, como se eles em carne e osso estivessem de alguma forma vinculados às atrocidades de Birkenau e Auschwitz. Não, os horrores inomináveis dos lager na Polônia ocupada foram obra dos europeus e dos dirigentes alemãs em particular, justamente aqueles que julgavam ter alcançado o padrão mais elevado de civilização. Naquele momento, os árabes estavam sob ocupação colonial e assistiam sua luta de libertação ser afogada em sangue por tropas britânicas e francesas, e, sem dúvida, já sofriam na própria pele o terror disseminado pelos grupos armados sionistas do Irgun e do Stern na Palestina histórica.
Não custa, portanto, repetir que o sionismo, apresentado como a ideologia que justifica o massacre da nacionalidade palestina é efetivamente uma forma de racismo e de discriminação racial. E isso já foi afirmado pela ONU desde 1975 (depois, em 1991. revogada já no contexto do mundo unipolar).
Ao mesmo tempo, reverenciar as milhões de vítimas do holocausto (em especial judeus de todas as posições políticas e extrações sociais) é uma obrigação ética e histórica para que não se abra o espaço para a repetição, em pleno século XXI, de tragédias em tudo semelhantes àquelas perpetradas por Hitler e seus carrascos da SS.
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