Quem, nestes tempos cinzentos, tem a coragem para apontar o dedo e denunciar o lento e cruel etnocídio a que estão submetidos tantos povos indígenas, como no caso dos Guarani Kaiowá , mantidos nos infectos guetos no Mato Grosso do Sul sob o império do agronegócio?
Quem, com a coragem de remar contra a maré do senso comum, mantém viva a crítica à lógica que sustenta o chamado PAC e suas, pelo menos, 48 grandes obras que impactam direta e negativamente as populações indígenas brasileiras?
São poucos, de certo, que estão nessa categoria especial de quem não trafica sob nenhuma hipótese com o decoro e a dignidade inerentes à luta do povo. Entre estes, para orgulho dos paraenses, está Dom Erwin Krautler, bispo do Xingu e presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI).
Em seu pronunciamento na reunião anual da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Itaici, São Paulo, cada palavra tem um peso, um significado e encerra uma promessa. Elas não são neutras, nem buscam a impossível conciliação entre os contrários, muito menos entre os antagônicos. Ao contrário: têm lado, tomam partido e escolhem a boa companhia dos que vivem - e sobrevivem penosamente - do suor de seu próprio rosto.
Suas palavras ardem como fogo - ao denunciar a iniquidade das injustiças, mas são bálsamo nas costas em carne viva dos pobres deste país. Que estas palavras honestas e radicais possam seguir germinando. E provocando a justa e imprescindível polêmica.
2 comentários:
Pois é Aldenor, dom Erwin está de parabéns pela postura, mas infelizmente a cúpula das igrejas estão mais preocupadas em brigar umas com outras e manter status de quem é mais poderosa. Os índios nunca foram e estão bem longe de serem prioridade neste País, infelizmente.
Aline Brelaz
Aline, querida colega
A presença de dom Erwin entre nós é um sinal de que a luta do povo sempre vale a pena (para os que não têm alma pequena).
Um abraço e obrigado por ser uma leitora diária deste espaço.
Postar um comentário