quarta-feira, 11 de novembro de 2009

As pernas curtas da mentira

Uma manchete nunca é inocente. Vejam esta aqui na primeira página de O Liberal de hoje: "Belo Monte para. E seis estados ficam no escuro.". Muito bem. Quer dizer que a paralisação do licenciamento de Belo Monte, decidida ontem (10) pela Justiça Federal em Altamira deu (ou pode dar) causa a um apagão nacional. O conectivo "e" entre as duas frases induz a um erro cavalar. Ou melhor: relaciona dois fatos que não possuem qualquer conexão entre si. De fato, joga-se, sutilmente, mais um grão de areia na construção de uma falácia, que serve de verniz ideológico para justificar um dos maiores ataques contra a socio-biodiversidade amazônica.
Para os incautos, anote-se: no projeto atual de Belo Monte não há previsão para que a energia a ser gerada (?) após o estupro da Volta Grande do Xingu seja interligada ao sistema nacional. Esses linhões sequer foram orçados, mas já se sabe que, se um dia vierem a ser construídos, terão um custo astronômico. A pouca energia firme, produzida durante os meses de cheia do rio, irá diretamente abastecer, em sua grande parte, as plantas do complexo do alumínio, para a alegria da Vale, Alcoa et caterva.
Quanto ao apagão de ontem todo mundo é livre para abraçar qualquer uma das teorias que começam a circular. Desde a simples falha técnica em Itaipu - a mais provável - até o mirabolante ciber-terrorismo, como alertou nestes dias um comunicado da Casa Branca.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pior é que tem jornalista que se presta a fazer esse tipo de "materia".