domingo, 29 de novembro de 2009

Dialética dos profissionais da morte

"(...)

A noite naquela banda do Camacã é de treva nas trevas. Os jagunços dariam o alvo com a fogueira que acenderiam. Vendo a claridade, aproximaram-se e não tardaram a verificar que enterravam os mortos. A morte, no instante, voltou a matar na descarga de seus rifles. Seis ou nove caíram e o pânico, nos nervos exaustos, provocou a confusão. Atirando e movendo-se, protegidos pelos troncos das árvores, tornaram a fogueira inútil. Sem guias, não sabendo quem visar, vendo homens caídos e escutando os gemidos e as pragas, os jagunços debandaram em desordem. Internavam-se no Camacã para ser devorados pelos cães danados."

Adonias Filho, jornalista e escritor brasileiro (1915-1990). Corpo Vivo (Civilização Brasileira, Quarta edição, 1971, p.46).

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