Bernard-Henri Lévy é uma verdadeira legenda. Sua voz não se levanta por qualquer causa, nem costuma se dispersar em torno de situações duvidosas.
O engajamento do filósofo francês (nascido na Argélia) pela causa da libertação do escritor e ex-ativista italiano Cesare Battisti remonta às melhores tradições do humanismo que tanto marcou a vida e a luta generosa de gerações de homens e mulheres durante o curto (e trágico) século 20.
Sua carta ao presidente Lula, publicada na edição de hoje da Folha de São Paulo, apelando pela não extradição de Battisti, merece ser lida, sobretudo por aqueles que ainda permanecem contaminados pela odiosa (e insidiosa) campanha que quer ver o italiano terminar seus dias no fundo de um cárcere de evidente inspiração fascista.
3 comentários:
Para ser isento, faltou mencionar que o atual "santo" Battisti também é ex-bandido; ex-assassino e ex-fugitivo.
Mas a paixão é cega, fazer o quê?
em tempo: alguem defenderia, com a mesma paixão, um "ex-ativista político" do ditador Pinochet?
Há controvérsias, não é?
Mortos pela esquerda são sempre diferentes dos mortos pela direita.
Lamentavelmente.
Parte da manifestação do ex-ministro do Supremo, Carlos Veloso:
"...Havia, pois, desfavoráveis a Battisti, sete decisões: duas da Justiça italiana, três da Justiça francesa, a decisão da Corte Europeia de Direitos Humanos e a decisão brasileira do Conare. O decidido pelo Supremo Tribunal Federal não teve, de conseguinte, sabor de novidade".
Ainda assim, querer acreditar que está tudo errado e que Battisti é um inocente perseguido, não é demais não?
Com todo respeito, Bernard-Henri Lévy produz segundo influxos oportunistas. Conheço sua obra, assisti algumas participações dele em seminários e fui assinante de uma revista da qual ele era colaborador permanente (Le Nouvel Observateur). Trata-se de um aliado do poder, qual ele seja e um discursador eloquente das causas romanescas. E não estou dizendo que seu texto não é muito bom, ou que a decisão sobre Batisti não deva cair na deportação. Mas sim que é um texto vazio de sentido. Basta lembrar que Lévy apóia Sarkozy, um crápula, e que ele é favorável à ação policial na repressão à imigração.
Fábio Fonseca de Castro
(hupomnemata.blogspot.com)
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