sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Garrote vil

Placar empatado e o voto final - de minerva - na mão de Gilmar Mendes. Não poderia mesmo haver pior dos mundos para o ativista Cesare Battisti, virtualmente condenado pelo STF a retornar aos cárceres nada democráticos do cléptopolítico Sílvio Berlusconi. Lá, sob holofotes hidrófobos, a cela do revanchismo lhe aguarda para que seja cumprida a polêmica pena de prisão perpétua por crimes cuja autoria jamais foi definitiva e limpamente comprovada.
Só os ventos conservadores dominantes, em ambiente quase irrespirável onde pontifica soberana a clivagem ideológica macaqueada de solene imparcialidade, podem explicar como e por que a mais alta corte do país resolve, pela maioria de seus membros, vergar a espinha em gesto de indecente vassalagem às pressões ostensivas dos camisas negras italianos e de seus congêneres nacionais.
Triste quadro de um tempo que faz lembrar outro julgamento famoso, nos estertores do franquismo, quando um jovem revolucionário catalão, Salvador Puig, conheceu, na sua agonia final, como funcionava a maquinaria do terror, made in Spain.
Qualquer semelhança entre o destino trágico de Puig, no corredor da morte naquele 2 de março de 1974, e o de seu contemporâneo italiano, irmãos das loucas jornadas daqueles anos de chumbo, não terá sido, infelizmente, mera coincidência.

2 comentários:

Anônimo disse...

Que os simpatizantes chorem pelo "pobre " Battisti.
Porque pelas quatro pessoas assassinadas por ele, muitas já choram há muito tempo.
Mas esses, os mortos, não tem o menor destaque.

Anônimo disse...

Os amantes de Berlusconi realmente não conseguem ver além da propaganda oficial. Lamentam 4 mortes imputadas na marra a Battisti, e nem tremem. Enquanto as dezenas de lavradores mortos pelos fazendeiros continuam sendo considerados bandidos e os fazendeiros, produtivos empreendedores. Assim, não tem combate!