quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A presença que fica

Há exatos 40 anos tombava Carlos Marighella. No final daquela tarde de 4 de novembro de 1969, no elegante bairro paulistano dos Jardins, na outrora tranquila alameda Casa Branca, a tocaia estava à espreita. Dezenas de agentes policiais aguardavam apenas que sua presa, o homem mais procurado do Brasil, inimigo público número um da ditadura militar, fosse engolfado pela rede assassina.
Ainda assim, com a evidente superioridade bélica da equipe do brutal delegado Fleury, os policiais se desesperaram, acionando suas armas em uma fuzilaria indiscriminada que resultou na morte de uma integrante da guarnição, alvejada por seus próprios companheiros. Marighella não teve chance de qualquer reação. O fusca em que se encontrava foi crivado por incontáveis disparos, trucidado ali em plena via pública, sem a menor cerimônia.
O corpo dele foi exposto como o troféu. Ao aniquilá-lo, o regime pretendia transmitir a impressão de que com ele morria também toda a resistência. Menos de uma década depois, quando o povo voltou a retomar às ruas e praças em estado de rebeldia, foi suficiente para demonstrar o quando estavam enganados todos os que concorreram - material ou intelectualmente - para que aquele bárbaro crime fosse perpetrado.
Hoje, a memória de Carlos Marighella segue sendo celebrada. Seu testemunho de vida, sua firmeza de princípios e seu radical compromisso com os mais pobres continua sendo exemplo para as novas gerações.
Já seus algozes, todos eles, vivos ou mortos, pouco importa, não representam absolutamente nada. Quando muito merecem escassas linhas nos relatos daqueles anos de chumbo, afirmando apenas o quão abjetos e deploráveis são os métodos dos que abraçam a medonha opção do fascismo.

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