quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Você me prende vivo, eu escapo morto

21 de janeiro de 1971. O ex-deputado Rubens Paiva foi arrancado de sua casa por homens de metralhadora em punho e submergido nas trevas do aparato repressivo do regime militar. Até hoje, quase 40 anos depois, permanece como desaparecido. Seu corpo jamais foi encontrado.
O véu de mentiras e de silêncio começa a ser rompido. Um ex-agente do nefasto DOI-Codi resolveu abrir o bico. Marival Chaves, à época sargento do Exército e analista de informações do Doi-Codi em São Paulo, em depoimento ao cineasta Jorge Oliveira para o filme "Perdão, Mister Fiel", admite saber os nomes dos torturadores que mataram Paiva e depois esquartejaram seu corpo. Havia, segundo ele, uma espécie de disputa macabra entre as diversas equipes para saber quem conseguia reduzir as vítimas em um menor número de pedaços.
Estas e outras histórias terríveis devem vir à tona, bastando que alguém - no Judiciário ou no Parlamento - chame para si a inadiável tarefa de lançar um facho de luz neste canto pavoroso do passado recente de nosso país.

Um comentário:

Anônimo disse...

Quem poderia lançar luz sobre esses fatos?Duvido muito que haja de fato algum interesse por parte das instituições do Estado em trazer luz sobre este assunto. Estamos, ao que parece, condenados a ignorância histórica. Até por que muitos dos envolvidos nesses casos ainda estão sobre os holofotes do poder. Vide o caso do amigo de "longa" data do presidente. Delfin Neto, um dos responsáveis por articular recursos financeiros para a repressão durante os anos de chumbo.
Não seria conveniente que os condestáveis deste governo e de outros tivessem reveladas suas ligações com crimes que em outras partes do mundo são tidos como imprescritíveis e que portanto eles ainda poderiam ter de responder perante a humanidade.

Cláudio Teixeira