Há dias que a grande imprensa martela o factóide do "financiamento público das invasões e da violência". São dezenas de matérias nos jornais de circulação nacional e incontáveis minutos nos noticiários de TV, JN à frente. Para dar alguma credibilidade à pauta, o inefável Gilmar Mendes, com seu olhar bovino e suas péssimas intenções. Do outro lado - MST, CPT e demais entidades ligadas à luta pela reforma agrária - nada, absolutamente nada.
Os dois episódios citados para ilustrar a ensaiada indignação do presidente do Supremo, sofreram, como era de se esperar, uma abordagem superficial e ideológica. O "carnaval vermelho", uma série de ocupações de latifúndios no conflagrado Pontal do Paranapanema, em São Paulo, foi apresentado como obra do MST, muito embora tenha sido promovido por José Rainha, um polêmico líder há anos em aberta dissidência com seus antigos companheiros de movimento e hoje abrigado sob o guarda-chuva da CUT e do PT. Não interessa fazer esse contraste quando o objetivo é desenhar os sem terra como uma versão tupiniquim da Al Qaida, movidos por um fanático desejo de turbar a tal "paz social" que tanto preocupa o extrovertido Gilmar Mendes, esse aspirante a líder informal da oposição demo-tucana.
Muito menos interessa à mídia correr atrás das causas dos sangrentos conflitos fundiários nos rincões desse Brasil. No Nordeste, com suas seculares cercas, a reforma agrária não passa de um slogan desbotado, enquanto pontificam os sindicatos do crime e seus pistoleiros a serviço dos eternos coronéis, que o tempo foi transmutando em modernos executivos do agrobusiness. Esse é o caldo que entorna na violência cega e em episódios nebulosos como da matança na fazenda Consulta.
Por tudo isso é importante ouvir o que as entidades e movimentos da Frente Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo pensam do senhor Mendes. Não são palavras agradáveis a um ouvido que parece sensível apenas aos reclamos que vem de cima.
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