Uns e outros, aqui e alhures, ainda depositam confiança no discurso mudancista que embalou a vitória de Barack Obama. Talvez não demore muito, alguns meses, quem sabe, para que se perceba, em toda a sua aspereza, que o tombo pode ser tanto mais cruel quanto maior a altura alcançada por expectativas com pouco fundamento na realidade.
Depois de anunciar o fechamento da prisão de Guantánamo, centro de tortura em um enclave mantido em pleno territórrio cubano, a Casa Branca dá vários passos para trás em direção a um dos pilares da política externa de seu antecessor. O Departamento de Estado afirmou em resposta a uma demanda judicial que os prisioneiros de guerra da base da Força Aérea americana em Bagram, ao norte do Afeganistão, não têm o direito legal de contestar suas detenções naquele país ocupado desde 2001. Ou seja: sobre eles, tidos como "combatentes inimigos", não paira nenhum resquício da legislação internacional, como a Convenção de Genebra, por exemplo. Para os EUA, esses presos foram reduzidos à condição de "coisas", não são portadores de quaisquer direitos e não podem ser amparados por nenhum dos instrumentos de defesa jurídica que a humanidade consagrou nos últimos séculos.
Daí para a autorização da tortura e extermínio de prisioneiros é um só passo para desmoralizar de vez a estória de que um vento renovador e algo progressista iria varrer a enorme sujeira acumulada nos corredores do Pentágono.
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