Se o governo federal tinha recursos para construir a usina de Jirau, no rio Madeira, em Rondônia, por que optou pela privatização da obra? Ora, dois de cada três reais investidos neste projeto de R$ 10 bi sairão dos crofres do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que acaba de anunciar o maior empréstimo de toda sua história para uma única obra: R$ 7,2 bilhões, ou 68,5% do investimento total.
Há, porém, um agravante: a líder do consórcio Energia Sustentável do Brasil (ESBR) é simplesmente uma das três maiores empresas mundiais do ramo da energia, a GDF Suez, gigante franco-belga que, em tese, e só em tese, deveria aportar capital e tecnologia num setor tão estratégico para a economia do país. Mas não é isso que acontece. A Suez, detentora de 50,1% da sociedade de propósito específico criada para tocar a obra, dá aceno com chapéu alheio. Ou melhor: com o suado dinheiro do contribuinte brasileiro, a juros subsidiados e largo prazo para pagamento, 30 anos.
Um verdadeiro negócio da China, como se dizia antigamente, ali mesmo a poucos quilômetros de onde naufragou, no início do século passado, outro sonho megalomaníaco, a finada estrada de ferro Madeira-Mamoré.
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