sábado, 14 de novembro de 2009

O carteiro e o poeta

A nota do PT paraense declarando solidariedade ao MST e criticando a prisão de lideranças que lutam pela reforma agrária tangencia uma questão fundamental: o pedido de prisão dos ativistas partiu de ordem direta da governadora do Estado, Ana Júlia, filiada ao partido. A Justiça, sempre obsequiosa quando se trata de defender o sacrossanto direito à propriedade, apenas acatou a solicitação, com a celeridade característica só havida diante de acusados que trazem na face a marca da pobreza.
Sobre este fato, de resto incontestável, nenhuma linha sequer. Um silêncio que, no mínimo, põe em dúvida as supostas boas intenções dos signatários da nota.
Enquanto isso, a polícia da governadora segue diligenciando por assentamentos, estradas e ramais no conflagrado sudeste do Pará. Buscam prender Charles Trocate, Maria Raimunda e outros líderes do movimento, reduzidos de repente à condição de "foragidos" da Justiça.
Onde estiver, Trocate, um poeta de mão cheia, deve estar refletindo sobre os tortuosos caminhos que as cercas da injustiça percorrem para impor o terror e o medo.
Lá longe, seus olhos devem poder ver, no lusco-fusco deste entardecer amargo, que apesar de tudo, já vem se insinuando os primeiros sinais do alvorecer. Mas não é uma luz qualquer aquela que se prenuncia carregada da sublime força do sorriso de crianças insubmissas.

3 comentários:

Anônimo disse...

Acertou na mosca, camarada. É a luz do esquerdismo, a doença infantil do comunismo. Acorda pra cuspir, rapá!

Anônimo disse...

Se Ana Júlia não tem nada a ver com isso, a culpa então deve ser do mordomo-delegado, aprendiz de torturador, doente direitista.

Anônimo disse...

Meu caro,
é a primeira vez que faço essa visita, e sinceramente gostei!
Sobre esse Charles Trocate, poeta e revolucionário não o conheço, apenas o vi na revista PZZ, e é extraordinário! Um homem assim, leva se muito anos para forma-lo.Então lhe desejo sorte e ao seu blog vida longa, nessa dialética de sempre correr o risco!