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sábado, 28 de fevereiro de 2009
Artilharia contra a estupidez do silêncio
Fazer um potente fogo de barragem contra a perpetuação da impunidade dos crimes da ditadura . Esta é a proposta, feita em oportuno momento, pelo ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos).
4 comentários:
Anônimo
disse...
Todos os que mataram, seja de direita ou esquerda, deveriam responder por seus crimes. Ou será que há diferença entre mortos da direita e da esquerda? Ou será que um dos lados teria "licença poética" para matar?!!
Você sabe que os crimes de tortura e de execuções sumárias praticados por agentes públicos são imprescritíveis. Atentam contra a humanidade e não devem ser esquecidos jamais. Este é o centro do debate. O resto, muitas vezes, embala os sonhos daqueles que sentem saudades do tempo em que a farda e o porrete andavam lado a lado. E nosso país era um imenso quartel. Triste memória, aliás.
Ah, bom. Os mortos "do outro lado" são apenas " o resto".
Continuamos acreditando que o correto é julgar quem matou. Não importa DE QUE LADO. Até porque vida humana não tem lado. em tempo: não tenho nenhum sonho nem simpatia pelo regime militar, caro poster. Vivi e vivenciei aqueles tempos de chumbo. Mas não perdi a capacidade de indignação contra qualquer tipo de violência.
A ditadura do silêncio faz com que as novas gerações tenham, em relação ao regime militar brasileiro, uma postura inerte. Para quem tem 17 ou 18 anos hoje a ditadura é uma foto sépia em um livro ed história. Com isso, a sociedade brasileira deixa de construir uma consciência crítica em relação não apenas ao regime, mas aos seus métodos e, de resto, ao método da quebra da normalidade democrática pela força. Os livros sobre o tema não são mais publicados e não temos, regionalmente, nenhuma sistematização dessa memória. Estamos, como esquerda, acometidos por uma espécie de demência que nos rouba os fatos, os rostos, as palavras dos que, como eu e você, lutamos contra o regime militar semeando o sonho de uma sociedade justa e igualitária. É elucidadora a leitura do ótimo livro de historiador brasileiro Moniz Bandeira "Fórmula para o Caos - a derrubada de Salvador Allende" (Civilização Brasileira)revelando detalhes até hoje desconhecidos da trama que levou ao golpe e da recorrência dos métodos com que foi levado a cabo o plano, envolvendo a mídia e seu arsenal formador de opinião. Penso que a esquerda brasileira deve a si mesmo a construção de uma data em que possamos, como povo, comemorar o fim da ditadura, rememorar a resistência e edificar uma memória contínua da necessidade permanente da defesa dos espaços democráticos - todos abertos a socos e pontapés. Embora aparentemente pueril, a iniciativa de ter uma data marcada no calendário (como há a data da queda de Berlim, ou do Muro de Berlim, ou da Queda da Bastilha), é uma necessidade. A não existência dessa data mostra o quanto somos levados ao esquecimento e nos conformamos com ele. Sugira uma data para que, em um único dia, no país inteiro, possamos, pessoas e organizações sociais, render homenagens aos que tombaram lutando pela liberdade.
4 comentários:
Todos os que mataram, seja de direita ou esquerda, deveriam responder por seus crimes.
Ou será que há diferença entre mortos da direita e da esquerda?
Ou será que um dos lados teria "licença poética" para matar?!!
Caro Anônimo das 12:40,
Você sabe que os crimes de tortura e de execuções sumárias praticados por agentes públicos são imprescritíveis. Atentam contra a humanidade e não devem ser esquecidos jamais.
Este é o centro do debate. O resto, muitas vezes, embala os sonhos daqueles que sentem saudades do tempo em que a farda e o porrete andavam lado a lado. E nosso país era um imenso quartel. Triste memória, aliás.
Ah, bom.
Os mortos "do outro lado" são apenas " o resto".
Continuamos acreditando que o correto é julgar quem matou.
Não importa DE QUE LADO.
Até porque vida humana não tem lado.
em tempo: não tenho nenhum sonho nem simpatia pelo regime militar, caro poster. Vivi e vivenciei aqueles tempos de chumbo.
Mas não perdi a capacidade de indignação contra qualquer tipo de violência.
Júnior, meu querido amigo.
A ditadura do silêncio faz com que as novas gerações tenham, em relação ao regime militar brasileiro, uma postura inerte. Para quem tem 17 ou 18 anos hoje a ditadura é uma foto sépia em um livro ed história. Com isso, a sociedade brasileira deixa de construir uma consciência crítica em relação não apenas ao regime, mas aos seus métodos e, de resto, ao método da quebra da normalidade democrática pela força. Os livros sobre o tema não são mais publicados e não temos, regionalmente, nenhuma sistematização dessa memória. Estamos, como esquerda, acometidos por uma espécie de demência que nos rouba os fatos, os rostos, as palavras dos que, como eu e você, lutamos contra o regime militar semeando o sonho de uma sociedade justa e igualitária. É elucidadora a leitura do ótimo livro de historiador brasileiro Moniz Bandeira "Fórmula para o Caos - a derrubada de Salvador Allende" (Civilização Brasileira)revelando detalhes até hoje desconhecidos da trama que levou ao golpe e da recorrência dos métodos com que foi levado a cabo o plano, envolvendo a mídia e seu arsenal formador de opinião.
Penso que a esquerda brasileira deve a si mesmo a construção de uma data em que possamos, como povo, comemorar o fim da ditadura, rememorar a resistência e edificar uma memória contínua da necessidade permanente da defesa dos espaços democráticos - todos abertos a socos e pontapés. Embora aparentemente pueril, a iniciativa de ter uma data marcada no calendário (como há a data da queda de Berlim, ou do Muro de Berlim, ou da Queda da Bastilha), é uma necessidade. A não existência dessa data mostra o quanto somos levados ao esquecimento e nos conformamos com ele.
Sugira uma data para que, em um único dia, no país inteiro, possamos, pessoas e organizações sociais, render homenagens aos que tombaram lutando pela liberdade.
Grande abraço,
Chico.
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