A Polícia Federal deu ontem, 6, uma demonstração de como o Estado brasileiro deve se comportar. Em ação fulminante, prendeu Paulo César Quartiero, suposto proprietário de extensas áreas dentro da Raposa/Serra do Sol, em Roraima, sob a acusação de ser o mandante da tentativa de assassinato de 10 indígenas durante a desocupação violenta, por pistoleiros armados, da fazenda Depósito, cujas imagens ganharam o mundo. Quartiero também é prefeito de Pacaraima, pelo DEM, e lidera o movimento de resistência à retirada dos não-índios das terras que desde tempos imemorias são habitadas pelas etnias Macuxi, Wapixana, Ingarikó, Taurepang e Patamona. Para tanto, junto com outros seis grandes proprietários, formou um verdadeiro exército de mercenários que tem adotado tática de guerrilha contra o contingente da PF e da Força Nacional de Segurança.
Na sede da fazenda foi encontrado farto material para a preparação de bombas caseiras. Esses artefatos já vinham sendo utilizados pela quadrilha, que chegou a dinamitar pontes de acesso à reserva e a tentar explodir um posto da PF.
A mobilização das forças policiais e a própria presença do ministro da Justiça, Tarso Genro, na área de conflito podem expressar uma tomada de posição importante por parte do governo. Por caminhos tortuosos e após a quase ocorrência de um massacre, foi rompida a equivocada interpretação que enxergava a liminar do Supremo como uma espécie de habeas corpus para o banditismo liderado pelos arrozeiros, mas com amplo apoio político e midiático dentro e fora de Roraima.
Enquanto cresce a mobilização dos 18 mil indígenas que vivem na Raposa/Serra do Sol, aguarda-se que o STF não consagre, no iminente julgamento das mais de 30 ações movidas contra a demarcação, um recuo que pode ser responsável pelo desmonte da política indigenista que o país tem desenvolvido, com reconhecidos êxitos, nas últimas décadas.
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