Um mistério de cinco anos chega ao fim. As mortes dos repórteres cinematográficos Taras Protssyuk, da Reuters, e José Couso, da Telecinco de Madri, ocorrida em 8 de abril de 2003, nos cinzentos dias em que as tropas norte-americanas começavam sua avassaladora ocupação de Bagdá, não foi fruto de um “lamentável acidente”, "fogo amigo" ou "dano colateral", na diplomática linguagem dos comandantes militares da coalizão invasora.
Testemunho de Adrienne Kinne, uma ex-sargento do Exército dos Estados Unidos, dá conta de que o Hotel Palestine, no centro da capital iraquiana, no qual se abrigavam as poucas equipes de jornalistas ocidentais que insistiram em permanecer na cidade nos dias iniciais da ocupação militar, era mesmo um alvo dos ataques ordenados pelo alto comando do exército. Ela afirma ter tido acesso a documentos secretos que comprovam a determinação de bombardear o local, mesmo sabendo que lá havia apenas civis.
A Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) cobra que o governo de George W. Bush declare “toda a verdade” sobre essas mortes, no momento em que vários militares norte-americanos escapam de condenação em um tribunal espanhol justamente por “insuficiência de provas” que possa vinculá-los às mortes de Protssyuk e Couso.
O episódio do Palestine foi narrado, em detalhes, pelo premiado jornalista norte-americano, Jon Lee Anderson, em seu “A queda de Bagdá” (Objetiva, 2004, 387p.), uma obra que deveria ser leitura obrigatória nos cursos de comunicação em nosso país. Ainda mais nestes tempos em que jornalismo se confunde com subordinação cega às ordens dos senhores da informação mercantilizada.
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