Desde a noite de ontem, 21, ganharam a liberdade os cinco dirigentes do MST e do MTM (Movimento dos Garimpeiros e Trabalhadores em Mineração) que foram presos pela Polícia Militar em Curionópolis, no último domingo, durante a frustrada ocupação da sede da Cooperativa de Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp). Na operação, realizada com violência, foram presos cerca de 40 garimpeiros, mas só as cinco lideranças foram transferidas, em avião do governo do Estado, para Belém. Esse detalhe revelou a verdadeira intenção por trás da ruidosa atuação das tropas policiais que se encontram acantonadas na região há mais de um mês: desarticular e intimidar o movimento de garimpeiros e sem-terra acampados às margens dos trilhos da Estrada de Ferro Carajás.
A libertação de Wagner da Silva Cruz, Fábio dos Santos Bezerra e Eurivaldo Martins Carvalho, o Totô, todos dirigentes estaduais do MST, e de Etevaldo da Cruz Arantes e Eugênio Viana Barbosa, coordenadores do MTM, decorreu de decisão do juiz da Comarca de Curionópolis que não viu caracterizados os requisitos para manter a prisão em flagrante. De fato, ao promover a desocupação violenta do prédio da Coomigasp, a PM agiu como milícia privada, apoiando abertamente uma das facções em conflito. Sobre o atual presidente da entidade, Waldemar Falcão, pesa a suspeita de ser o mandante do assassinato, no dia 8 de maio, em Marabá, de Josimar Barbosa, que presidiu a cooperativa até recentemente. Só isso já seria suficiente para que o governo adotasse uma posição de maior cautela. Mas parece que a mão invisível de poderosos interesses continuam a dar as cartas, manobrando com habilidade os cordéis nos quais se enovelam governantes cuja estatura não pára de diminuir a cada uma de suas cada vez mais freqüentes decisões marcadas por insensata truculência.
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