Exatos 19 anos depois daquele histórico I Encontro de Povos Indígenas que foi responsável pela derrota (momentânea, como se veria depois) do megaprojeto da usina de Kararaô, Altamira será novamente palco, no período de 19 a 23 deste mês, de uma grande mobilização de índios, populações tradicionais e ambientalistas, contra a anunciada construção da hidrelétrica de Belo Monte, novo nome para antigas ameaças ao cada vez mais frágil equilíbrio socioambiental no coração da Amazônia brasileira. Será o Encontro Xingu Vivo para Sempre, com presença estimada de cinco mil pessoas.
História circular, prisioneira de um labirinto trágico, será testemunha de um esforço desesperado para deter, em condições mais adversas que há duas décadas, as engrenagens do mesmo projeto, que da ditadura militar ao atual regime de supremacia do sacrossanto mercado, tem fincado suas garras coloniais sobre a Amazônia e seus povos. Povos, no plural. Expressão da diversidade e da unidade possível para celebrar, aqui e agora, a promessa de um futuro com as marcas de reencontro do homem com seu destino de felicidade. Alguns dirão: sonho impossível. Mas, tal qual revelaram os muros na Paris de 1968, é cada dia mais atual a consígna "Criemos comitês de sonhos", aproveitando o tempo que ainda nos resta.
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