A queda de Marina Silva era tão prevista quanto indesejável. Há muito que a senadora pelo Acre e agora ex-ministra do Meio Ambiente está sob fogo cerrado, recebendo bordoadas de seus próprios colegas de governo. Mais ainda: ela era, de forma contumaz, desautorizada e até mesmo ridicularizada por seu chefe, o presidente da República. Diante desse quadro adverso, não há dúvida de que ela resistiu bastante, até que percebeu, talvez tardiamente, que a batalha estava perdida.
Diga-se, entretanto, que o que se esvaiu foi a possibilidade de alterar os rumos, de dentro para fora, de um governo que já havia consolidado uma férrea opção pelo modelo de desenvolvimento a qualquer custo, para o qual o respeito e a proteção das questões socioambientais viraram apenas entraves irritantes, esquisitices de alguns defensores de bagres, micos-leões e, por mais que não se assuma publicamente, de uma legião de seres anacrônicos, como índios, quilombolas e ribeirinhos.
Marina será bem-vinda na planície. Muito embora não se concorde com todas as suas concepções e projetos - alguns desastrosos como é o caso da privatista Lei de Concessão das Florestas - é necessário reconhecer que se trata de uma militante sincera e obstinada das causas da Amazônia e de seus povos. Ela reassume sua cadeira no Senado e da tribuna continuará a defender seus ideais.
Já o governo Lula seguirá adiante, cada vez com a face dele próprio, sem poder contar com intermediações cosméticas, que serviam para amenizar sua imagem aqui e lá fora, como se fosse possível conciliar a feroz busca pelo lucro dos grandes monopólios nacionais e internacionais com a desconstrução, mesmo que pontual, do modelo de exploração predatória do meio ambiente.
2 comentários:
A histórica lutadora Marina Silva, foi relegada ao papel de boba. Sempre constrangida. Ate que motoserras se encarregaram também de cortar as pernas de sua cadeira de Ministra.
As motosserras estão em festa. E os flexa, asdrúbal, Bosco Gabriel e toda corja política das bancadas devastadoras também. Salve-se quem puder. Tomara que daqui a dez anos ainda exista alguma árvore em pé.
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