Independente do resultado do referendo realizado ontem, cuja ilegalidade foi apontada até pela OEA, o destino do processo político boliviano seguirá atrelado, para o bem ou para o mal, à capacidade do conjunto do país se impor diante dos interesses exclusivistas das elites do departamento de Santa Cruz, a mais rica, conservadora e anti-indígena das diversas regiões da vizinha Bolívia.
Apesar dos festejos da direita crucenha (de Santa Cruz), encastelada no governo departamental, a vitória do "sim" acabou maculada pela soma da majoritária abstenção (400 mil eleitores não compareceram às urnas, 40% do total de inscritos) com os votos contrários ao estatuto de autonomia (uma virtual secessão, com o reconhecimento de direitos soberanos sobre as terras e riquezas minerais, por exemplo).
Em meio a rumores de golpe de Estado e a um agravamento dos conflitos políticos, inflados pela mídia de dentro e de fora, é de se esperar tempos de maior turbulência sobre o governo Evo Morales e sua gigantesca tarefa de resgatar a Bolívia e seu povo, majoritariamente indígena, de séculos de servidão.
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