domingo, 11 de maio de 2008

La Dolce Vita dos mandantes

Há 22 anos, em 10 de maio de 1986, o jovem e combativo padre Josimo, coordenador da Comissão Pastoral da Terra na região do Bico do Papagaio, foi fuzilado com dois tiros de pistola 7,65. Seu corpo rolou nas escadarias da Mitra Diocesana de Imperatriz, Maranhão, onde se localizava o escritório da CPT. Morte anunciada, o martírio de Josimo permanece até hoje impune, como a demonstrar que o que vale nos sertões amazônicos é a lei escrita pelos senhores de gados e de gentes. Os fazendeiros apontados como mandantes do assassinato continuam tripudiando sobre uma Justiça que se move - se é que se move - espasmodicamente, presa num labirinto sem fim de recursos e protelações diversas.
É o caso do juiz aposentado João Batista de Castro Neto, um dos ativos participantes do consórcio que planejou e financiou o crime. Duas décadas depois, ele sequer foi ouvido no processo, fugindo, por meio de variados recursos jurídicos, às citações expedidas pela 1a Vara Criminal de Imperatriz, onde tramita, por todo esse tempo, a Ação Penal no. 7252/2000. Vários dos implicados já faleceram ao longo deste período e o pistoleiro Geraldo Rodrigues da Costa, autor dos disparos fatais, chegou a ser preso e condenado a 18 anos e 6 meses de reclusão, mas conseguiu fugir por três vezes da penitenciária, estando hoje foragido. Há informações, entretanto, de que possa ter sido morto após um assalto frustrado a um banco em Guaraí, Tocantins.
Ao lado da prisão ou eliminação de alguns assassinos de aluguel - que compõem o elo mais frágil da cadeia de crimes de encomenda - sobressai a incrível impunidade dos mandantes, que têm em Vitalmiro Bastos, o Bida, seu mais vistoso patrono.

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