Marco Aurélio Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal, primo do ex-presidente afastado e atual senador alagoano Fernando Collor de Melo, por ele indicado para a mais alta Corte do país, está muito de bem com a vida. Não parece enxergar a gravidade da situação em Roraima, nem percebe o incêndio social que se alastra na área da Terra Indígena Raposa/Serra do Sol. Diante da notícia do baleamento, por pistoleiros encapuzados, de dez indígenas macuxis, que "retomaram" um pedaço de uma das fazendas que violam acintosa e escandalosamente suas terras ancestrais, o ministro saiu com uma blague desconcertante: "Ora, daqui a pouco teremos de devolver a cidade maravilhosa aos índios". Tal afirmação, mesmo em forma de piada de péssimo gosto, saiu da boca de um dos onze ministros do Supremo na qual tramitam 33 ações que questionam a demarcação em terras contínuas em Roraima, que se aprovadas abrirão uma feroz temporada de caça e (novo) extermínio às nações indígenas que já possuem terras demarcadas. É muito sério e demarcam os tempos cinzentos para a luta pela sobrevivência dos povos indígenas no Brasil.
Paulo César Quartiero (DEM), prefeito de Pacaraima e suposto proprietário da fazenda "invadida", é um dos seis grandes rizicultores que sustentam a resistência contra o decreto presidencial, de 2005, que homologou os 1,7 mil hectares da Raposa/Serra do Sol. A tropa de pistoleiros que fuzilou a manifestação indígena é parte da legião de mercenários que foi mobilizada para bloquear o acesso dos policiais da PF e da Força Nacional de Segurança, através de ações típicas de guerrilha, com a queima de pontes e ataques com bombas incendiárias aos postos de controle do governo federal. Nada disso, porém, merece destaque na mídia, mais preocupada em inflar a tese ridícula de uma suposta conspiração que pretende "internacionalizar" a Amazônia e esquartejar porções significativas do território nacional.
Um ministro do Supremo se sentir à vontade para disparar uma frase tão carregada de ignorância e de indisfarçável sentimento anti-indígena revela a extensão e profundidade da atual onda conservadora que se afirma na sociedade, sob um nada discreto estímulo da grande mídia. Se não for detida, estaremos diante de um retrocesso histórico de amplíssimas e tremendamente graves conseqüências. Tropas de resgate high tech se preparam para fazer, em pleno século XXI, a limpeza étnica que de 1500 em diante lavrou com sangue indígena o terreno no qual um Brasil - país tão rico quanto violentamente desigual - foi construído. Ainda há tempo para erguer as barricadas da resistência. Mãos à obra.
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terça-feira, 6 de maio de 2008
Tropas de resgate do século XXI
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6 comentários:
Sem dúvida a justiça nesse país é o que há de mais retrógrado e conservador. É na verdade o refúgio da elite branca e racista do Brasil. Só o que nos resta é que nessa história toda os senhores ministros do Supremo tenham a decência de ao menos respeitar a Constituição.
As velhacarias contumazes do Sr. Marco Aurélio Melo, desvalorizando a toga e o alto salário que o país concede-lhe, dizem claramente dos limites mal construídos da mal enjambrada democracia brasileira.
Esse assunto é sério e deve ser tratado com "grano salis", a discussão apaixonada e divorciada de um análise isenta deve ser desaprovada. Existe grave disparidade sobre a demarcação da terra indigena referdia no blog, além do mais a terra deve servir de maio de subsistência para os que nela habitam e não de simulacro para a alimenatação da cultura indigena de dormir, pescar, caçar e fazer filho.
Anônimo das 12h19,
Lamentável! Para uma pessoa realativamente alfabetizada você reproduz o que há de mais abjeto no preconceito contra os povos indígenas.
Quem lhe disse que os índios são preguiçosos?
Estude um pouco mais a história do Brasil e descubra o quanto estúpida é essa afirmação.
Senhor blogueiro, será que os indígenas precisam mesmo de uma quantidade tão imensa de terras? Pense bem nisso!!!
Eu estou do lado do índios e não do lado do "mocinhos"...Vocês aí de cima deviam pelo menos assistir Dança com Lobos, quem sabe melhoram um pouco, pois até lá na terra onde índio bom era índio morto, a coisa já muda de figura!
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