Não durou nem uma semana o surto de jornalismo que havia acometido a redação de O Liberal. Há dias, para espanto de muitos, o jornal da família Maiorana realizava uma cobertura estranhamente isenta e crítica em relação à ruinosa administração de Duciomar Costa (PTB) na capital paraense. Matérias sobre a carnificina diária nos Prontos-Socorros e unidades de saúde, o abandono das áreas periféricas, o descalabro da limpeza urbana, enfim, as faces de uma cidade abandonada e doente, começaram a ocupar crescente espaço no noticiário, com tal intensidade que sinalizava - erroneamente, como agora se vê - para o término da longa "imunidade" que a Prefeitura, nestes últimos cinco anos, sempre gozou.
Como as alegrias do Carnaval, tudo acabou numa quarta-feira. A edição de hoje revela que as pazes - com o respectivo e indispensável acerto de contas junto ao Departamento Comercial da empresa - foram seladas. E em grande estilo, com direito à tradicional cerimônia de beija-mão na sala do proprietário do jornal. A foto estampada na página 3, onde os convivas não escondem, antes explicitam, seu enorme contentamento pelo pacto que se reata, é prova cabal de que o armísticio foi celebrado.
É isso que explica a matéria, com chamada de primeira página e foto aberta em três colunas, sobre uma fantasiosa "Alça viária municipal", interligando Outeiro a Mosqueiro, no valor indecente de R$ 300 milhões. Ninguém teria imaginado uma empulhação maior que essa. Ninguém mesmo.
O sobrevoo que o prefeito e seus sequazes realizaram por sobre as ilhas do município, apenas serviu para demonstrar que o jornalismo da caixa-registradora está mais vivo do que nunca. Uma verdadeira aula sobre quanto permanecem vivos e acintosamente ofensivos os interesses subalternos que unem os dilapitadores do patrimônio público.
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