Em pouquíssimo tempo - quatro anos apenas - uma vasta área de 24 mil hectares, às margens do rio Araguaia, vai ser inundada quando forem abertas as comportas da usina hidrelétrica de Santa Izabel, um empreendimento de R$ 2 bilhões, nos municípios de Palestina do Pará (PA) e Ananás (TO), com capacidade de gerar 1.087 MW. Mais um megaprojeto vocacionado para suprir o insaciável apetite dos oligopólios eletrointesivos por energia - boa e muito barata. Tudo para que o fluxo de transferência líquida de riqueza - dos mais pobres para os centros da opulência mundial - não sofra qualquer solução de continuidade.
Esta nova barragem atende aos interesses do consórcio Gesai, que reúne mastodontes do setor mineral (Vale, Camargo Corrêa, Billiton Metais, Alcoa Alumínio e Votorantim Cimentos). É claro que tanto oligopólio junto só poderia atrair as bênçãos do Planalto. E foi o que efetivamente ocorreu, quando Brasília deu o sinal verde para o início do intrincado e não menos polêmico processo de autorização de mais esta obra em terras amazônicas.
Uma consequência acessória, mas não menos importante, desta nova barragem foi levantada pela revista Carta Capital. Provavelmente os bilhões de metros cúbicos que formarão o lago de Santa Izabel devem apagar para sempre os vestígios dos cemitérios clandestinos onde estariam depositados os restos mortais de dezenas de guerrilheiros do Araguaia.
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