A revelação é da Folha de São Paulo deste domingo: um sobrevivente da Guerrilha do Araguaia (1971-1974) afirma ter presenciado o enterro clandestino de 12 guerrilheiros em cova aberta na antiga pista de pouso em Xambioá (norte do Tocantins). O lavrador José Rodrigues da Silva, hoje com 70 anos, foi preso e torturado pelos militares, apontado como "colaborador" da guerrilha do PCdoB.
Amarrado a um tronco, ele pode assistir aos seguidos sepultamentos, ocorridos em 1974, quando o Exército realizou a operação de extermínio dos últimos guerrilheiros que ainda permaneciam na floresta.
Até hoje continua desconhecido o paradeiro de dezenas de militantes assassinados pelos militares, a grande maioria fuzilados após terem sido feito prisioneiros. A Justiça Federal ordenou a abertura dos arquivos, que os militares afirmam não existir mais.
O testemunho lúcido do lavrador, um entre tantos que já foram colhidos na região, pode apontar a trilha capaz de indicar o caminho da verdade histórica. Verdade sepultada por mais de trinta anos de silêncio e truculência, mas que pode emergir e ser exposta, sem retoques, à sociedade brasileira. Para isso, é preciso alguém dotado de coragem e senso de responsabilidade histórica. Artigos que andam em falta no Palácio do Planalto.
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