quarta-feira, 9 de abril de 2008

Sangue nos capacetes azuis

A polêmica presença de tropas brasileiras no Haiti cobra desde sempre um elevado preço. Cumprindo o trabalho sujo em nome da presença imperial norte-americana, os soldados brasileiros se envolvem, cada vez mais, num torvelinho de crescente violência. Somos parte das forças de ocupação que sustentam um governo com quase nenhuma legitimidade.
Diante da sangrenta explosão social dos últimos dias, cuja detonação ocorreu como resposta a uma brutal elevação dos preços dos alimentos, as tropas da ONU, lideradas pelo Brasil, já se encontram no incômodo papel de gendarme de um regime que vê a população tocar fogo nos portões do palácio governamental em Porto Príncipe.
Esta aventura militarista que tem produzido a perda incontáveis vidas de cidadãos haitianos e de militares brasileiros precisa acabar, o quanto antes. O Haiti necessita de apoio econômico efetivo e não de migalhas. Precisa de alimentos e não de tanques e baionetas. Precisa ver respeitada sua soberania, ultrajada décadas a fio, desde que esta nação negra teve a ousadia, no alvorecer do século XIX, de realizar a primeira revolução anti-escravista vitoriosa das Américas.

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