Nem bem completou uma semana em que o governo do Estado veicula uma peça publicitária alardeando a queda no número de assassinatos de trabalhadores rurais no Pará, utilizando-se de uma leitura parcial e conveniente do relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), a dura realidade da guerra no campo aparece para lembrar que o problema é muito mais complexo e urgente. O assassinato nesta quinta-feira (24) do lavrador Emival Barbosa Machado, em Tucuruí, tem todas as características de um crime de encomenda e revela que está em plena atividade o consórcio do crime que serve aos interesses de latifundiários e madeireiros da região.
Um detalhe, porém, chama a atenção: Emival, mais de três meses antes de ser morto, havia formalizado denúncia no Ibama, na Polícia Civil e junto à imprensa, envolvendo uma quadrilha de madeireiros que age impunemente nos assentamentos da Reforma Agrária localizados no lago da Hidrelétrica de Tucuruí. Ele se dizia um homem marcado para morrer e, agora, vê-se que não havia qualquer exagero em suas palavras. Recebeu três disparos à queima roupa quando saía de sua casa na periferia de Tucuruí. Os pistoleiros fugiram em uma moto, sem deixar vestígios.
Segundo a CPT, nos últimos 36 anos, o Pará assistiu mais de 800 assassinatos de trabalhadores rurais ou de seus apoiadores. Apenas um mandante cumpre pena na cadeia, o que dá uma pista do motivo da continuidade e mesmo do incremento desse tipo de comércio macabro.
Um desafio desse quilate exige vontade política e coragem para enfrentar interesses poderosos e incrustados no aparato estatal. Nada mais distante da grosseira manipulação realizada por uma mídia sem o menor compromisso com o interesse público.
2 comentários:
Aldenor, ninguém tem a receita para esta situação, que, de resto, é fruto da colonização que a minha região está submetida, o que exigiria uma mudança da exploração selvagem que ela sofre nestes últimos trinta e cinco anos. Mas a questão do extermínio dos trabalhadores rurais é uma chaga persistente faltando uma política de enfrentamento para isso. Eu sugeria ao Dr. Geraldo:
1) fortalecimento de um núcleo de inteligencia e de infitração;
2) mapeamento dos cartéis de pistoleiros existentes no estado;
3) proteção às vítimas, como o caso do bispo de marajó, ainda que ele não aceite, o Estado tem que ser consequente e convencê-lo;
4) fortalecimento do programa de proteção de testemunhas e de vítimas;
5) designação de delegados especiais para apurar os casos ainda em investigação;
6) parceira com o Ministério Público e com o TJ para constituir grupo de apoio a esse tipo de situação;
7) em última instância creio que se deve deslocar esses processos para a area federal, conforme prevê a CF
O Governo ANA JULIA sofre hoje o que critica ontem e sequer possui alguma inovação
é o fim!
jc
No início do ano um trabalhador de nome Peniche foi assassinado em Paragominas e o registro de sua morte foi tida como assalto.
Porém este trabalhador andou por todos os cantos do governo do Estado e falou com todas as autoridades da área fundiária e de segurança denunciando a retirada ilegal de madeira bem como um plantel de pistoleiros na Fazenda Amarají.
Nçao conseguiu exito nenhum e acabou assassinado de forma cruel em sua residência.
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