quinta-feira, 17 de abril de 2008

Estatísticas macabras

Estes números têm endereço certo. Devem ser lidos com atenção pelos que insistem em denominar o massacre de Eldorado do Carajás, que hoje completa 12 anos, como um "confronto" ou "conflito" entre sem terras e policiais militares. Uma fatalidade, sem culpa nem culpados, quase um acontecimento fortuito, que precisa ser, o quanto antes, soterrado pelo esquecimento.
As estatísticas a seguir foram compiladas pelo jornalista e escritor Eric Nepomuceno (O Massacre - Eldorado do Carajás: uma história de impunidade. Editora Planeta, 2007):

- 19 trabalhadores rurais foram mortos, dez deles com mais de um tiro;
- 37 ferimentos à bala foram localizados nos corpos das vítimas, sendo que destes 17 atigiram os camponeses na cabeça, no pescoço, no peito ou no abdômem;
- 42% dos mortos também sofreram ferimentos de arma branca (punhais, foices ou facões);
- Dos 155 policiais envolvidos na matança - 147 sargentos, cabos e soldados e oito oficiais - somente 55 foram ouvidos nas investigações. 144 acabaram incriminados pela Justiça, para ao final de três tumultuados julgamentos, apenas dois - o coronel Pantoja e o major Oliveira - foram condenados, mas aguardam em liberdade a apreciação de recursos à sentença;
- Nenhuma das autoridades governamentais que integraram a cadeia de comando da tragédia - o governador Almir Gabriel, o secretário de segurança Sete Câmara e o comandante da PM, coronel Fabiano Lopes - foi sequer ouvida no processo.

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