Junte-se a entranhada cultura de violência, fruto de séculos de escravidão, com um presente de esgarçamento das relações sociais, em meio a uma latejante e explosiva criminalidade urbana, para se ter o solo fértil para o apoio de quase a metade da população brasileira à pena de morte. Este é o resultado da mais recente pesquisa nacional sobre o tema, que o Datafolha acaba de divulgar. Nada menos de 47% dos brasileiros se dizem favoráveis à instituição - oficial, diga-se - da pena capital. Apesar de muito expressivo, este número é oito pontos percentuais menor que o aferido na pesquisa realizada no ano passado.
A explicação para esse aparente refluxo pode ser encontrada no forte impacto que crimes brutais produzem na opinião pública. Em 2007, após o assassinato do menino João Hélio, o Datafolha foi às ruas e detectou 55% de apoiadores da pena de morte.
Talvez se o campo da pesquisa, realizado entre os dias 25 e 27 de março, tivesse ocorrido nesta semana, com o predomínio no noticiário da morte brutal de Isabela Nardoni, de apenas cinco anos, o resultado poderia ser um novo pique favorável à adoção dessa penalidade extrema.
Tristes números em um país onde a pena de morte - extrajudicial e sistemática - sempre existiu para a parcela mais empobrecida e maltratada da população, confinada às periferias e a seus rituais diários de morte e impunidade.
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