quinta-feira, 10 de abril de 2008

Dialética dos sonetos terroristas

"Esta é uma incitação a um ato nunca visto: um livro destinado a que nós, poetas antigos e modernos, coloquemos contra o paredão da História um frio e delirante genocida.
No livro sucemdem-se: sua intimação, seu julgamento e sua possível desaparição final, causada pela numerosa artilharia poética aqui posta em ação pela primeira vez.
A História tem provado a capacidade demolidora da Poesia e dela faço uso sem nenhuma cerimônia.
Nixon acumula os pecados de quantos o precederam no crime e na perfídia. Chegou ao cúmulo quando, depois de assinados os acordos de cessar fogo, ordenou os bombardeios mais cruentos, mais destruidores e mais covardes da história do mundo.
Somente os poetas são capazes de pô-lo contra a parede e trespassá-lo todo com os mais mortíferos tercetos. É dever da poesia convertê-lo, à força de descargas ritmicas e rimadas, em lixo imprestável".


Pablo Neruda (1904-1973), na introdução de seu último livro livro publicado em vida, "Incitação ao Nixonicídio e Louvor da Revolução Chilena". A edição brasileira, de 1980, pela Francisco Alves, traz a tradução da poetisa paraense, Olga Savary.

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