O presidente Lula é o comandante supremo das Forças Armadas. Pelo menos é isso que determina a Constituição Federal. O que fazer então quando um oficial de alta patente - um general do Exército, ocupante do estratégico comando militar da Amazônia - se sente à vontade para dar declarações à imprensa criticando duramente um ato da Presidência da República?
Foi exatamente isso que aconteceu ontem, quando o general Augusto Heleno, em entrevista ao jornal O Globo, desancou a demarcação da Terra Indígena Raposa/Serra do Sol, em Roraima. Os argumentos do general não chegam a ser novidade. Suas idéias são uma herança direta e reluzente da ideologia da Segurança Nacional, que alguns pensavam soterrada com o fim do regime militar, em 1985. Nada mais longe da realidade.
Para o general Augusto Heleno, a Raposa/Serra do Sol põe em risco "a integridade e a soberania nacionais", pois correspondem a "áreas contínuas" na faixa de fronteira. Ademais, complementa seu raciocínio alertando para o quão perigoso será o Brasil reconhecer algumas etnias indígenas como "nações". Uma tirada digna dos manuais encardidos dos tempos da "Escola das Américas", na zona do Canal do Panamá, onde instrutores norte-americanos ensinaram que era preciso temer as "nações indígenas", eternamente vulneráveis às infiltrações de "forças alienígenas".
Por muito menos, praças e oficiais costumam amargar dias sem-fim de cadeia nos quartéis, em nome da preservação dos pilares da hierarquia e da disciplina. Mas, conhecendo a tibieza do governo Lula, haverá alguém que aposte em alguma punição ao general boquirroto?
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sexta-feira, 11 de abril de 2008
Hierarquia de araque
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Um comentário:
Bota no saco e põe na conta do Papa.
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