De um anônimo, de muito boa memória e de senso crítico maior ainda:
Túnel do tempo...
A Globo anunciou, com estardalhaço, a descoberta de um imenso campo petrolífero no Pará.
Meio constrangido, sem saber o que falar, o então presidente Sarney apareceu no Jornal Nacional falando ao telefone com um técnico supostamente lotado na plataforma onde se dera a descoberta.
A história do mega-campo paraense sumiu como surgiu: do nada para o nada. Nunca mais ninguém falou nisso.
Mas, por alguns dias, as ações da Petrobrás foram para as alturas. Por coincidência, aquela era a época do exercício no mercado de opções da bolsa do RJ.
Mercado de opções é aquele em que alguém ajusta a promessa de venda de lotes de ações, com outro alguém que ajusta a promessa de compra dos mesmos lotes.
O promitente comprador paga um sinal. Seis meses depois dá-se o "exercício da opção", ou seja, o momento em que a operação de venda e compra é concluída. Se o comprador desistir, perde o sinal. Se o vendedor pipocar, devolve o sinal em dobro.
Quando o vendedor ajusta a promessa de venda, ele não tem o que está vendendo. Até o momento do exercício, ele terá que comprar, para honrar a venda. O bom lance está em comprar por um preço mais baixo do que vendeu. Quanto mais baixo o preço de compra, maior o lucro.
Pois, na época do mega-campo paraense, quem estava "comprador" no mercado de opções era o mega-malandro Naji Nahas.Advinhe que ações ele estava comprador? Acertou quem pensou na Petrobras. Ele havia vendido horrores no mercado de opções e, por isso, precisava comprar -- horrores -- ações da Petrobras, pra entregar a quem comprara dele.
E, advinhe quem estava "vendedor"?
Acertou quem pensou no Banco ROMA. Que no caso, nada tem a ver com a cidade eterna, e sim com as iniciais de seu principal acionista e big boss: o hoje falecido ROberto MArinho.
Com as ações da Petrobrás indo aos píncaros, por conta do "petróleo paraense", Naji Nahas não pôde honrar o exercício de opções. Tendo que devolver os sinais com a multa, quebrou.
Esse foi o fim melancólico do mega-malandro que, anos antes, arrebentara a boca do balão no mercado do ouro, na bolsa de Nova York.O Imperador dos Malandros de Nova York descobriu, pelo método difícil, que aqui no Brasil, tinha -- e tem, a dar com os pés -- malandros bem mais malandros que ele.
Como disse outro grande malandro, esse húngaro, Peter Kellemann (que por sinal, pintou e bordou em nosso país): o Brasil não é para amadores...
O que o Haroldo Lima, amador, tá fazendo no meio dessa gente?
3 comentários:
Na verdade, o autor da famosa frase "o Brasil não é para amadores" é o nosso Tom Jobim. A "tirada" de Tom foi exatamente sobre a frase "O Brasil para amadores" - título do livro de Kellemann onde tentava ensinar as mazelas do país para os estrangeiros, no início dos anos 60. Logo depois do livro, Kellemann deu vários golpes financeiros na praça e fugiu para a Bolívia.
Quem narrou esse fato, recentemente (início de abril), foi o escritor Rui Castro em uma de suas duas crônicas publicadas semanalmente (segunda e quarta)na Folha de S. Paulo e reproduzidas pelo Diário do Pará.
alvaro vinente
Caro Álvaro,
Seja bem-vindo e obrigado pelo comentário.
Engano seu, Álvaro.
Ou do Ruy Castro.
O título do livro do escroque Kellemann é "Brasil para principiantes". Tenho um exemplar.
É de Kellemann, sim, a frase "O Brasil não é para amadores". Ele a cunhou no livro.
Nos anos 1970, essa frase foi popularizada pelo Tom Jobin (e também pelo Pasquim).
Postar um comentário