Pode-se até dar o benefício da dúvida, porque Haroldo Lima, ex-deputado federal do PCdoB, tem uma trajetória, até o momento, de um político íntegro e defensor combativo de suas posições. Mas ainda assim deve passar por uma investigação a imensa confusão que o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), protagonizou ontem ao anunciar à imprensa a descoberta pela Petrobras de um gigantesco campo petrolífero na Bacia de Santos, de 33 milhões de barris, cinco vezes mais o estimado para o mecampo de Tupi, o maior do Brasil. Resultado: os papéis da empresa dispararam na Bovespa, com alta de 7,67%, elevando o valor seu valor de mercado para R$ 412 bilhões, a bagatela de R$ 26 bilhões a mais que na véspera. Como dinheiro não sofre geração espontânea, é bom investigar a existência de um punhado de especuladores que embolsaram um bom dinheiro a partir da atrapalhada revelação.
Um comentário:
Túnel do tempo...
A Globo anunciou, com estardalhaço, a descoberta de um imenso campo petrolífero no Pará.
Meio constrangido, sem saber o que falar, o então presidente Sarney apareceu no Jornal Nacional falando ao telefone com um técnico supostamente lotado na plataforma onde se dera a descoberta.
A história do mega-campo paraense sumiu como surgiu: do nada para o nada. Nunca mais ninguém falou nisso.
Mas, por alguns dias, as ações da Petrobrás foram para as alturas.
Por coincidência, aquela era a época do exercício no mercado de opções da bolsa do RJ.
Mercado de opções é aquele em que alguém ajusta a promessa de venda de lotes de ações, com outro alguém que ajusta a promessa de compra dos mesmos lotes.
O promitente comprador paga um sinal. Seis meses depois dá-se o "exercício da opção", ou seja, o momento em que a operação de venda e compra é concluída.
Se o comprador desistir, perde o sinal. Se o vendedor pipocar, devolve o sinal em dobro.
Quando o vendedor ajusta a promessa de venda, ele não tem o que está vendendo. Até o momento do exercício, ele terá que comprar, para honrar a venda. O bom lance está em comprar por um preço mais baixo do que vendeu. Quanto mais baixo o preço de compra, maior o lucro.
Pois, na época do mega-campo paraense, quem estava "comprador" no mercado de opções era o mega-malandro Naji Nahas.
Advinhe que ações ele estava comprador?
Acertou quem pensou na Petrobras. Ele havia vendido horrores no mercado de opções e, por isso, precisava comprar -- horrores -- ações da Petrobras, pra entregar a quem comprara dele.
E, advinhe quem estava "vendedor"?
Acertou quem pensou no Banco ROMA. Que no caso, nada tem a ver com a cidade eterna, e sim com as iniciais de seu principal acionista e big boss: o hoje falecido ROberto MArinho.
Com as ações da Petrobrás indo aos píncaros, por conta do "petróleo paraense", Naji Nahas não pôde honrar o exercício de opções. Tendo que devolver os sinais com a multa, quebrou.
Esse foi o fim melancólico do mega-malandro que, anos antes, arrebentara a boca do balão no mercado do ouro, na bolsa de Nova York.
O Imperador dos Malandros de Nova York descobriu, pelo método difícil, que aqui no Brasil, tinha -- e tem, a dar com os pés -- malandros bem mais malandros que ele.
Como disse outro grande malandro, esse húngaro, Peter Kellemann (que por sinal, pintou e bordou em nosso país): o Brasil não é para amadores...
O que o Haroldo Lima, amador, tá fazendo no meio dessa gente?
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