segunda-feira, 14 de julho de 2008

Calma, pessoal. Tem para todo mundo

O cheiro de queimado que emana das milhares de páginas de grampos autorizados pela Justiça Federal durante a Operação Satiagraha está apenas no começo. Foi oferecida à opinião pública uma mínima amostra do enorme lodaçal que exporá, cedo ou tarde, as relações promíscuas entre a banca financeira e o Estado brasileiro. De forma democrática, atingirá praticamente toda a arena política - manchando os grandes partidos, a começar pelos tucanos e demos, criadores do semi-Deus Daniel Dantas, e petistas de variados quilates, que herdaram e se tornaram, desde o primeiro mandato de Lula, em "amigos" ou "prestadores de serviço" do sempre diligente banqueiro.
Por isso é apressado o diagnóstico que parte da imprensa busca fomentar, alvejando apenas a banda petista do esquema. Erigir o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalg e o ex-ministro José Dirceu como peças-chave de Daniel Dantas é uma rematada injustiça. Mensalão, tráfico de influência, acesso a informações privilegiadas, tudo e mais alguma coisa do mesmo jaez, fazem parte de um determinado modus operandi. Mas, atente-se, podem ser moeda divisionária, meros detalhes, de uma ação criminosa muito mais ampla e profunda. Que o diga o ex-presidente Fernando Henrique e toda a malta de tucanos da mais elevada estirpe, como o governador paulista José Serra, por exemplo, que durante anos cultivaram uma suspeita intimidade com Dantas e seu grupo de especuladores, que sem dúvida estão entre os principais beneficiários da razia que foi realizada contra o patrimônio nacional, a tristemente famosa privataria, que está na origem de tudo.

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