segunda-feira, 14 de julho de 2008

Contagem regressiva

Sabe-se que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) estão de férias, com exceção de seu presidente, ministro Gilmar Mendes, aquele que não pensa duas vezes em mandar abrir o ferrolho da cela onde a PF jogou o mega-especulador Daniel Dantas. Os integrantes da mais alta corte de Justiça do país gozam de merecido descanso, enquanto as placas tectônicas da crise social dão renitentes sinais de que se movimentam nos subterrâneos de uma nação fraturada.
Em Roraima, que espera há meses que o STF resolva de uma vez por todas o conflito na Terra Indígena Raposa/Serra do Sol, os bandos de pistoleiros arregimentados pelos arrozeiros continuam agindo, sob completa impunidade, espalhando o terror nas comunidades makuxi. Quem denuncia é o Conselho Indígena de Roraima (CIR), entidade que representa os interesses dos milhares de indígenas que reivindicam a demarcação da reserva em áreas contínuas e a desintrusão dos grandes proprietários que grilam suas terras ancestrais.
Na sexta-feira, 4, homens ligados ao fazendeiro Paulo César Quartiero, que lidera a resistência contra a demarcação, tomaram dois jovens indígenas como reféns e sob a ameaça de armas de fogo foram humilhados e ameaçados. Por pouco não ocorre mais uma matança, exatamente na mesma comunidade em que dez índios foram feridos a bala no início de maio, durante uma violenta desocupação de uma área da fazenda de Quartiero.
A denúncia e a exigência de providências por parte da Funai e da Polícia Federal estão sendo feitas pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), que alerta para a crescente tensão social e étnica na região. Um barril de pólvora prestes a explodir, afirma a combativa organização da Igreja Católica.

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