Com a diminuição gradativa da exploração midiática em escala global da controvertida operação que libertou Ingrid Betancourt e uma dezena de outros reféns das Farc, começa a vir à tona o lado tenebroso do governo do direitista Álvaro Uribe, na Colômbia. As agências internacionais de notícia veicularam neste final de semana, por exemplo, a prisão do senador Carlos García, principal líder do Partido da Unidade Social Nacional, por ordem da Suprema Corte colombiana, que investiga a relação de políticos com os paramilitares, acusados do assassinato de milhares de pessoas nos últimos anos.
Com a prisão de García, que era o maior defensor do terceiro mandato para Uribe, já são 31 políticos detidos por envolvimento com os "paras", algo como 10% dos membros do Congresso Nacional, que se somam a outros 10% processados por diversos crimes, sempre relacionados com os métodos criminosos das antigas (e, aparentemente, desmobilizadas) Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC). Milícias criadas originalmente para combater as guerrilhas de esquerda, mas que logo se conformaram em braço armado do narcotráfico e da chamada narcopolítica, os “paras” são responsáveis por um banho de sangue sem fim, que agora se volta contra ex-integrantes desses mesmos bandos. Organizações de direitos humanos reportam o assassinato de, pelo menos, 819 ex-"paras", de 2006 para cá, em supostas pugnas internas ou simples acertos de contas.
Por tudo isso, guardar distância e Álvaro Uribe deveria ser um procedimento padrão, recomendável para os que não queiram macular de maneira definitiva suas biografias presidenciais no atual quadro político sul-americano.
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