Do alto de pretensas "razões técnicas", veio o alerta: a decisão de não construir as demais três usinas à montante do rio Xingu, reduzindo a capacidade do Complexo Belo Monte, foi "essencialmente política", numa típica manobra para "dar os anéis e preservar os dedos". O autor das frases que pecam pela sinceridade, ou pelo cinismo, a depender do ponto de vista, é o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman.
O que ele não disse, porém, é o mais importante. Por trás da decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), desde logo passível de revisão a qualquer tempo, esconde-se a velada intenção de reduzir o alcance dos estudos de impacto ambiental, apressando os trâmites de concessão das licenças pelos órgãos do governo, na exata contramão do que exigem os procuradores federais e as comunidades diretamente envolvidas nessa longa e desgastante polêmica.
Na prática, se for exitosa a manobra, os anéis prometidos em garantia poderão ser perfeitamente recuperados quando Belo Monte for uma realidade tão incontrastável que tudo mais não passará de "jus esperniandi".
Um comentário:
E só foi pra isso que a Marina caiu e o Lula colocou no Ministério do Meio Ambiente aquele boneco de colete, que bate palmas para Belo Monte e mostra felicidade com a aprovação de Angra 3, além de prometer total agilidade na aprovação de projetos de exploração madeireira. Os freqüentadores da praia de Ipanema, no entanto, lamentam a ausência do pândego em suas areias. Eles não têm mais de quem tirarem sarro.
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