sábado, 27 de dezembro de 2008

Dialética da palavra que sobrevive ao terror

Agosto de 1941 - Ofensiva nazista contra o território da União Soviética:


"(...)

Bombardeio em Gomel. Uma vaca, bombas zunindo, fogo, mulheres (...). O forte cheiro de perfume - de uma farmácia atingida pelo bombardeio - bloqueou o mau cheiro dos incêndios, só por um instante.
A imagem de Gomel em chamas nos olhos de uma vaca ferida.
As cores da fumaça. Tipógrafos tiveram de imprimir o jornal sob a luz de prédios em chamas.

(...)

Manhã. Fomos ao hospital de campanha para ver Utkin, cujos dedos havim sido despedaçados por estilhaços. O dia estava nublado e chuvoso. Havia cerca de novecentos homens feridos em uma pequena clareira entre álamos. Havia panos ensanguentados, pedaços de carne, gemidos, gritos contidos, centenas de olhos tristes e sofridos (...) Homens feridos continuavam chegando, todos eles encharcados de sangue e chuva".


Trecho do livro "Um escritor na guerra: Vasily Grossman com o exército vermelho, 1941-1945 / editado e traduzido de russo para o inglês por Antony Beevor e Luba Vinogradova : tradução Bruno Casotti. Objetiva, 2008. p.36-50.

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