Os Guarani-Kaiowá olham para trás e são assaltados pela melancolia. Sua terra ancestral virou pasto, virou campo de soja, virou mercadoria.
Espremidos por cercas que dilaceram seus corpos e sua memória, são milhares e milhares que se emparedam com um presente de miséria e um horizonte sem futuro.
Fome, desnutrição, alcoolismo, violência, o suicídio como uma janela para escapar ou para manter o círculo de ferro que quer condená-los à extinção.
Os Guarani-Kaiowá resistem, teimosos, obstinados. Sua saga foi impressa em película e ganhou o mundo. "Terra Vermelha", de Marco Bechis, concorreu neste ano ao Leão de Ouro no Festival de Veneza. Foi muito aplaudido e causou intensa repercussão na mídia especializada, que soube valorizar essa co-produção entre Brasil e Itália que retrata o drama - e a luta - deste povo que se nega a morrer lenta e penosamente.
No mês em que se comemora o 60o aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, mais do que nunca, a sociedade brasileira deveria exigir o fim desse etnocídio.
O Estado responde com medidas paliativas de sempre. Frágeis, tímidas, envergonhadas demais para desviar o curso de mais esta tragédia anunciada.
Egon Dionísio Heck, assessor do CIMI, conta essa história. Vale a pena ler, refletir e agir.
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