Luiz Afonso Sefer, deputado estadual pelo DEM, líder de seu partido na Assembléia Legislativa, prócer de um bloco suprapartidário, o G-8, ativo membro da base de apoio da governadora Ana Júlia (PT), além de proprietário de hospitais e controlador de fato da Organização Social de Saúde Idesma, que administra o Hospital Regional de Redenção, no sudeste do Pará. É contra ele que pesam suspeitas de ser autor de crime de violência sexual contra uma criança, cuja investigação está entregue à Secretaria de Segurança Pública (Segup) a pedido do Ministério Público do Estado.
O próprio deputado rompeu o mutismo e começou a dar lacônicas respostas à imprensa. Já não era possível manter o estranho silêncio que durante mais de uma semana envenenou o clima político no parlamento paraense. Como era de esperar, ele jura inocência e se diz vítima de uma armação. Diz também que um não-identificado "setor da imprensa" tentou extorqui-lo em R$ 800 mil para abafar o escândalo.
Pois bem. A hora da verdade finalmente está chegando. O deputado acusado terá oportunidade para apresentar seus argumentos e deverá oferecer à sociedade uma versão que tente desmentir a forte impressão de que tenha quebrado o decoro do cargo que ocupa, sem prejuízo da continuidade das apurações policiais.
Igualmente, para que não se consolide a sensação de que, mais uma vez, está se erguendo uma cortina de fumaça para desviar o foco das investigações, o deputado democrata tem o dever moral de apresentar os nomes e sobrenomes de quem teria praticado contra ele o crime de extorsão. Quem são os autores da suposta chantagem? Que veículo de comunicação seria utilizado para a concretização do crime?
Mas tudo isso é acessório. O fundamental é saber se são verdadeiras as denúncias do hediondo crime sexual contra uma criança indefesa. Quando e em que condições essa prática odiosa teria ocorrido?
Que apareçam todos os detalhes escabrosos do caso e que nenhum sigilo seja alegado para proteger eventuais praticantes deste tipo de crime que rebaixa o ser humano a mais abjeta condição de vilania e torpeza.
Que todos os nomes, de autores e cúmplices, de diferentes níveis e escalões, também sejam revelados. Ou se faz isso com urgência e inédito rigor, ou o Pará será mais uma vez enxovalhado como um território livre para qualquer tipo de barbárie.
3 comentários:
Aldenor, congratulações pela cobertura desse trsite caso. Fique atento, pois segunda-feira pode ocorrer o desvio do foco.
Caro ALdenor,
no Plenário o Deputado Sefger utilizou milhares de minutos para comparar seu caso às muitas injustiças ocorridas, todas provocadas pela nefasta imprensa, desde o caso da Escola Base até outros, que citava, empunhando o livro "Escândalos", como o Profeta empunhava a bíblia para expulsar satã.
Parece, até o momento, que seus pares se comovem, pelos discursos e aprtaes, com a "injustiça" cometida contra ele por setores da imprensa ainda não identificados. Se houver novidades não vou saber, pois acabo de desligar o som do micro. Chega por hoje.
Na minha ateísta fé diária, costumo invocar Santo Ambrósio. mas, há alguns meses desconfio que ele exilou-se.
Um abraço.
Jr, um peixe se pega pela boca...
10/05/2006 - Araceli alerta para exploração sexual em Portel
Em 10 de maio de 2006
A presidente da Comissão de Direitos Humanos na Assembléia Legislativa, deputada Araceli Lemos (PSOL), anunciou na sessão ordinária desta quarta-feira, 10, que foi convidada a acompanhar o grupo que estará amanhã (11) no município de Portel, na Ilha do Marajó, para apurar as denúncias de existência de uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes, que envolveria políticos e empresários da região.
O grupo é formado por representantes da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Secretaria Nacional de Direitos Humanos e Ministério Público Federal. A denúncia de exploração sexual infanto-juvenil em Portel foi feita pela TV Record, em matéria veiculada na última segunda-feira, dia 08.
Antes disso, matéria do jornal O Liberal de 28 de abril passado denunciou o caso envolvendo o vereador de Portel, Roberto Alan de Souza Costa, o Bob Terra, acusado de ter estuprado uma menina de 13 anos de idade, no dia 5 de abril deste ano. O crime teria acontecido na casa de um outro vereador, Adson de Azevedo Mesquita.
A denúncia consta em relatório da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, que pediu o imediato afastamento do vereador e abertura de processo de cassação contra ele. Bob Terra, sobre o qual pesa outras acusações de abuso sexual contra menores, está foragido do município. Antes disso, Bob Terra teria oferecido, por duas vezes, R$ 25 mil para a família da adolescente abafar o crime. O vereador já foi pronunciado pelo juiz Roberto Valois, da Comarca de Portel.
Foi o bispo Dom Luiz Ascona, da Ilha do Marajó, quem levou a denúncia à Comissão de Direitos Humanos da Câmara, que no dia 14 de abril enviou a Portel um assessor, Amarildo Formentini, para elaborar um relatório minucioso sobre o caso. Nos cinco dias em que ficou no município, Formentini ouviu testemunhas e coletou provas.
Da tribuna da Alepa, Araceli Lemos alertou para a gravidade das denúncias sobre a exploração sexual de crianças e adolescentes, que assola não apenas Portel, mas municípios como Altamira e outros daquela região, com o envolvimento de políticos locais.
A parlamentar explicou que a ação conjunta da Câmara dos Deputados, Governo Federal, MPF e Assembléia Legislativa tem o propósito de buscar soluções para os problemas existentes em Portel. Araceli anunciou que fará um relatório sobre a situação no município, para que a Casa se manifeste sobre o caso.
Na avaliação de Araceli Lemos, a pobreza e a falta de perspectiva de vida podem ser alguns dos fatores que empurram crianças e adolescentes para a prostituição. E, no caso de Portel, a parlamentar lamentou “o descaso” das autoridades locais ao problema. “Não é possível que uma denúncia em nível nacional choque apenas o Governo Federal. Lamentavelmente, nós não vimos nenhuma manifestação das nossas autoridades estaduais, quando isso é um problema do Estado do Pará”, disse ela.
Araceli Lemos alertou que o problema exige atenção “muito especial” diante do crescimento da rede de exploração de crianças e adolescentes no Pará. “Essa situação só existe por causa da situação socioeconômica da maioria das famílias, sobretudo na região do Marajó. E aí chegam os oportunistas e exploram as nossas crianças”, desabafou a deputada, que disse ter ficado também “indignada” com o comportamento da polícia, na matéria jornalística (veiculada pela TV Record), ao ignorar o aliciamento de menores no município. “Queremos punir os culpados envolvidos nesta rede”.
Deputado Sefer defende vereador
O deputado Luiz Afonso Sefer, líder do PFL na Assembléia Legislativa, usou hoje (10) a tribuna da Casa, para defender a inocência do vereador Bob Terra, mas não sem enfatizar que é a favor de qualquer investigação que apure as denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes. Mas é preciso que isso seja feito “de forma serena, sem misturar o joio com o trigo”, disse o parlamentar.
Para Sefer, Bob Terra está sendo vítima do momento político eleitoral. “É comum nesses momentos que o emocional tome conta e que se acabe cometendo injustiças, principalmente quando se tem o nome de uma autoridade no exercício de mandato”, argumentou, para arrematar: “Lá em Portel, o clima político é muito avivado. Então, qualquer coisa que qualquer pessoa cometa, de um grupo, é usado pelo outro grupo para conotação política”.
O deputado alegou que Bob Terra namorava normalmente a adolescente e que a relação sexual entre eles era conseqüência desse namoro. “A moça foi levada a exame de conjunção carnal e foi visto que a perda de virgindade dela não era recente, já datava de muito tempo atrás”, apontou Sefer, para quem o problema reside no Código Penal, que, na opinião do parlamentar, precisa ser revisado.
“Quantas mulheres de 17, de 16 anos, já têm vida sexual normal? Todo mundo sabe disso. Se algo está errado são as nossas convenções sociais, o nosso costume social”, disse Sefer. Ele assegurou que Bob Terra é uma “pessoa de bem”, de bom convívio social. “Se tem autoridades envolvidas (com exploração sexual) em Portel ou em qualquer outro lugar do Estado, com certeza não se pode pegar o vereador Bob e jogar como uma pessoa deste saco, deste balaio”.
fonte: Tiana Moraes - DRT/PA 1.575
Foto: Ozéas Sa
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