quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Dialética de uma beleza quase perdida

'Quando o sol do dia 25 de julho (de 1819) nasceu no claro no horizonte, iluminou em torno de nós um labirinto de ilhas grandes e pequenas, e, no fundo do painel, a margem do continente e da fronteira da Ilha do Marajó. Ostentava-se cerrada alta, verde, punjante, a mata em volta, solene e tranquila, como se acabasse de surgir das águas criadoras. Peixes em cardumes evoluíam rápidos na correnteza, e aves de variada plumagem, pousadas nos galhos floridos, pareciam os únicos habitantes daquela grandiosa solidão até que colunas de fumaça azul, elevando-se do seio da mata virente, significavam-nos a existência dos senhores da terra, os homens, no seu feliz retiro. (...) Cerca do meio-dia, chegamos à vista de uma pequena fortaleza sita à margem do rio, o forte da Serra; e, logo depois, apareceu a cidade do Pará, com seu casario asseado, a catedral e o palácio, por entre o verde-escuro dos cacauzeiros e a orla resplandecente verde de numerosas ilhas."



Spix e Martius (Viagem ao Brasil: 1817-1820)

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