Enquanto a mídia faz escândalo com os casos de febre amarela – já são dez mortes só neste ano em 19 casos confirmados – o verdadeiro perigo responde por outro nome: dengue, na sua versão hemorrágica, que pode explodir nos próximos meses, ceifando inúmeras vidas.
O Ministério da Saúde há muito acompanha – com preocupação, mas de forma excessivamente discreta – a evolução dos números que desenham um cenário desolador: o país poderá sofrer, nos meses de verão, uma grande e letal epidemia, que exporá a falência dos sistemas de controle e prevenção da doença em praticamente todas as regiões.
De janeiro a novembro de 2007, o informe epidemiológico sobre a dengue, da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), órgão do próprio Ministério da Saúde responsável pelo controle de epidemias, foram registrados 536.519 casos suspeitos de dengue, resultando em 136 mortes por dengue hemorrágica, com a confirmação de 1.275 casos da doença em sua apresentação mais grave. Ensaio geral para o desastre sanitário que está por vir.
O Pará – como sempre – tende a ocupar as manchetes pela porta dos fundos. Aqui, sobretudo na região metropolitana e no Araguaia-Tocantins, tudo leva a crer que o Aedes aegypti fará estragos consideráveis. As mortes registradas em Redenção neste início de ano só prenunciam o quanto a dengue hemorrágica pode se expandir.
Prepara-se a repetição da surrada guerra de palavras, opondo autoridades que têm em comum apenas o fato de todas – sem exceção – serem responsáveis pela má gestão de recursos públicos destinados ao combate à doença.
Na Sespa, pelo que até a grande imprensa a vazar, ainda a conta gotas, o que polariza as atenções não é exatamente a saúde da população, mas a preservação de usos e costumes consagrados pela argúcia e esperteza de uns poucos. Reclamar ao bispo?
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